Existem lugares que passam a ser ícones de algumas cidades, o café A Brasileira é um exemplo disso em Lisboa. Porém não é apenas na capital do país que a cafeteria é parada quase que obrigatória mesmo para quem não aprecia a bebida, já que sua história já faz parte de Portugal.

Assim como na capital, A Brasileira também ilustra as ruas de Braga, Porto e Coimbra. Estivemos nas duas primeiras, portanto vamos falar sobre elas mais adiante.

A priori, vale a pena comentar brevemente sobre Adriano Telles, fundador da cafeteria e amante do café.

O Fundador do Café A Brasileira – Adriano Telles

Adriano Soares Teles do Vale nasceu na Casa de Cima d’Aldeia, Alvarenga no então distrito de Arouca na região metropolitana do Porto.  Ainda na juventude, veio morar no Brasil e posteriormente casou-se com uma mineira filha de fazendeiros.

Abriu um estabelecimento chamado Ao Preço Fixo onde fazia câmbio e negociava produtos agrícolas, especialmente o café, produto que futuramente começou a exportar para Portugal e o tornou um homem rico no séc. XIX.

Ainda no Brasil chegou a ser vereador da cidade onde morava.

No início do séc. XX, o então próspero comerciante de café retornou ao seu país de origem já que sua esposa estava doente. Foi quando começou com as “Brasileiras”, passou de produtor a importador de café do Brasil com pontos de venda do produto. Começou no Chiado e Rossio em Lisboa, mais tarde no Porto, Braga e Coimbra.

Porém, Adriano Teles era um apreciador da cultura, principalmente música e pintura. Com o propósito de incentivar e difundir a cultura na cidade onde morava, criou a Banda de Alvarenga sendo o financiador dos primeiros instrumentos.

Em 1908, Adriano fez uma reforma e tornou A Brasileira uma cafeteria como conhecemos hoje.

″ Na década de 20 as figuras populares de Lisboa eram frequentadores dos cafés e dizia-se em tom de brincadeira que a vida nacional girava a volta de uma chícara.  O local era frequentemente palco de discussões acesas algumas com cenas de pancadaria envolvendo arremesso de xícaras e cadeiras.

Almada Negreiros e José de Bragança protagonizaram uma dessas cenas na sequência de uma discussão sobre a ordem dos painéis expostos nas paredes. E ainda, Maria Vitória imortalizou esse momento no famoso Fado do 31 quando cantou vestida de chapéu e traje masculino.″

Texto tirado de um display de papel que estava em nossa mesa.

A Brasileira em Lisboa

Então deu pra perceber que a trajetória de vida de Adriano Teles já traz boa parte da história do A Brasileira, o famoso café de Lisboa.

O prédio

Café em Lisboa

O café funciona num edifício na Rua Garrett, em frente ao Largo do Chiado. Uma exuberante estrutura em ferro forjado produzida entre 1922 e 1923 chama atenção da fachada. A decoração em geral é bem típica do que se via em outros estabelecimentos comerciais nas primeiras décadas do séc. XX destacando-se elementos Art Nouveau.

O arco da fachada em mármore é ornado com bases decoradas com florões com friso também da mesma pedra. Do lado esquerdo uma figura feminina e do direito uma masculina, as duas envolvidas por folhagens.

Máscaras humanas rodeadas por um pendente de cachos de uvas arrematam as portas laterais com o nome do café em destaque no topo junto com o medalhão central com a marca.

Um salão retangular forrado com painéis de madeira e espelhos, um balcão e uma escada do lado oposto que dá acesso ao andar inferior, formam o andar térreo da cafeteria. Um grande relógio retratando uma máscara humana está na passagem do salão para a cozinha.

Obras de pintores renomados, outrora frequentadores do café, estão pelas paredes e completam a decoração do salão.

Cafeteria tradicional em Portugal

O edifício do café A Brasileira foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1997 devido ao programa arquitetónico exterior e ao importante lugar simbólico que o espaço ocupa na história cultural e social da cidade de Lisboa.

Por que Fernando Pessoa foi homenageado?

Fernando Pessoa no café A Brasileira

Como foi dito anteriormente, o café era um reduto de cultura, dessa forma já dá pra imaginar que não foi por acaso que Fernando Pessoa foi homenageado com uma estátua na calçada correto?

O famoso escritor era frequentador assíduo do café como também tinha parte de sua origem familiar lá em Alvarenga, terra natal do então dono da cafeteria.

Dito isso, não podemos deixar de deixar registrado que A Brasileira do Chiado foi o primeiro museu de arte moderna em Lisboa, sabia disso?

Uma curiosidade

Sabe o que significa o termo bica? Nada mais é do que a forma abreviada de dizer “beba isso com açúcar“.

Esse termo surgiu lá no café do Chiado sabia? Pois é, o cliente do ca’e A Brasileira era incentivado a tomar café com açúcar (que não era uma novidade na época) para terem uma sensação mais agradável e torná-los mais assíduos fazendo da bebida um hábito e um ritual.

Porém há quem diga que o termo veio do fato do café ser servido na xícara diretamente das torneiras (bicas) das máquinas onde era feito, já que havia clientes que achavam que a passagem do café para a cafeteira e depois para a xícara alterava o sabor da bebida.

Por fim, vamos à nossa experiência no café A Brasileira do Chiado.

Fomos tomar café da manhã, preferimos ficar uma mesa na calçada para vermos o vai e vem de pessoas, do elétrico, dos carros, enfim, sentirmos a energia do lugar.

Pedimos um Menu Chiado que vem com croissant com queijo e presunto, ovos mexidos, fruta e suco de laranja natural, acrescentamos 2 cafés e ficamos muito satisfeitos.

A Brasileira em Lisboa

Pagamos 12,50€. As frutas do menu form laranja, morangos, kiwi e abacaxi

Quando terminamos nos dirigimos à parte fechada da cafeteria para conhecermos, tiramos fotos e seguimos nosso passeio pela cidade.

Endereço: R. Garrett 122, 1200-273
Horário: Diariamente das 8:00h à 00:00h

A Brasileira em Braga

Lindo prédio em Braga

A cafeteira fica no Largo Barão de São Martinho no centro histórico de Braga. É o café mais antigo da cidade e um lugar sempre muito movimentado por turistas de todas as partes do mundo como também por moradores.

A elite bracarense era o grupo sempre presente no início do café A Brasileira, que foi fundado em 1907, época em que o uso da gravata era exigido para entrada. O café servido era importado do Brasil.

Ainda hoje os turistas param para experimentar o café que é moído na hora e traz todo o sabor especial para os amantes da bebida, especialmente o ‘café de saco’ e ‘mazagran de café’, que são especialidades da casa.

Todavia A Brasileira passou por várias administrações. Inicialmente Adolpho de Azevedo, que foi vice-cônsul do Brasil em Braga esteve á frente da cafeteria por 30 anos. Em seguida, Mário Joaquim de Queirós assumiu pelos próximos 40 anos.

Quando chegou a vez de mais um proprietário, Joaquim Domingos Goldinho, até que em 2004 Armindo Pinheiro de filho assumiram e estão tocando o barco até os dias de hoje. Em 2008 fizeram uma reforma o café ganhou dois novos espaços no primeiro piso mantendo o mesmo glamour do salão principal.

Assim como em Lisboa, nos acomodamos numa mesa do lado de fora. Em Braga a estrutura é bem diferente, as mesas são dispostas diretamente na calçada e há muitas delas.

Era final da manhã, o que seria inicialmente um lanche foi nosso almoço, pois só jantamos mais tarde, o que comemos no A Brasileira nos deixou satisfeitos. Pedimos pudim Abade de Priscos (receita típica de Braga) que estava uma delícia e uma fatia de Tarte de Limão, igualmente deliciosa. Bebemos café espresso e macchiato.

A Brasileira em Braga

Pudim Abade de Priscos é à base de ovos com açúcar, vinho de porto, canela, raspas de limão e toucinho, 5€ e a Tarde de Limão 2,90€

Endereço: Largo do Barão de São Martinho, 17
Horário: De segunda à sábado das 8:00h à 00:00h, aos domingos, das 8:00h às 20:00h.
E aí, A Brasileira é ou não um ícone português? Mesmo quem não aprecia tomar café, deve entrar nas cafeterias para conhecer, os prédios são históricos e com uma arquitetura e decoração que valem pena ser apreciadas.

Para quem adora frequentar cafeterias

Já que o café é uma das bebidas mais consumidas no mundo todo, segue uma lista de outros textos interessantes sobre ele assim como endereços que valem a pena serem conhecidos, como também fica a sugestão para ler nosso post Viagens gastronômicas – Café que tem várias dicas de onde tomar essa delícia por aí. Aproveite :).

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Elizabeth Werneck – 15 Melhores cafeterias do Rio de Janeiro: O guia completo!

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