Parece um destino estranho? Mas não é, o Cemitério da Recoleta é um dos mais importantes e visitados cemitérios do mundo, sua arquitetura é rica, fica num bairro tradicionalmente elitizado de Buenos Aires e tem muitas personalidades ilustres que ‘descansam’ entre os vários corredores que dividem o espaço em quadras.
São mais de 4.000 abóbadas e mausoléus de mármore, alguns com estátuas bem interessantes, anjos, arquitetura gótica e presença do estilo Art Deco que foi evidente no começo do séc. XIX quando o cemitério abriu suas portas, mais especificamente em 1822.
Fica no páteo atrás da Igreja Nuestra Señora del Pilar que é tida como Monumento Histórico Nacional. Fica na Praça Intendente Torcuato de Alvear no movimentado e sempre cheio de visitantes bairro da Recoleta na zona Norte da capital argentina.
O cemitério passou por duas grandes reformas (1881 e 2003) que estão registradas em pedras na entrada. Foi idealizado pelo esgenheiro e arquiteto francês Prosper Catelin que se inspirou no também famoso cemitério parisiense Pére Lachaise.
O túmulo mais visitado, e para muitos o único motivo para ir ao cemitério, é o de Eva Duarte de Perón, a esposa do líder Juan Domingo Perón, mais conhecida e carinhosamente chamada de Evita Perón.
Ela morreu em 1952 vítima de um câncer de útero bastante agressivo. Além de ser um ídolo para o povo argentino, depois de morta Evita ainda gerou histórias. Seu corpo foi embalsamado a pedido de seu marido para que o povo pudesse se despedir sem pressa.
Dois anos depois, Juan Perón perdeu o poder e os militares, com receio de que Evita se tornasse ainda mais idolatrada, resolveram levar seu corpo para ser enterrado na Itália com um nome falso.
Quando tudo se acalmou no país, o corpo de Evita foi trazido de volta à Buenos Aires quando foi então sepultado no mausoléu da família Duarte no Cemitério da Recoleta, onde está até hoje. Isso aconteceu em 1976. Finalmente a tão querida e ilustre figura pública teve seu descanso final.
Sempre tem muita gente em frente ao famoso túmulo que é na verdade bem simples quando comparado a muitos outros do tradicional cemitério. Pode-se passar facilmente e não perceber se não estiver prestando atenção. O que muitas vezes ajuda sua identificação é a quantidade de flores que os visitantes e fãs deixam na porta.
Muitas placas estão dispostas nas laterais da porta do mausoléu com mensagens homenageando a mulher que levou o povo argentino ao delírio em seus discursos junto ao seu marido.
Quando fomos visitar o cemitério, sabíamos que o túmulo de Evita não ficava logo na entrada, nos dirigimos ao balcão de registros que tem as quadras e números de todos os mausoléus. Localizamos e nos dirigimos direto para ele sem erro. O dela é no C-7, número 88.
Entrando no cemitério, já depois do hall principal, siga à esquerda e continue em frente. Mais adiante terão placas sinalizando o sentido para a quadra C.
Caminhando na ida e na volta, não tem como não pararmos diante de algumas curiosidades que são bem peculiares e comentadas quando se fala do Cemitério da Recoleta.
Uma coisa que nos chamou muita atenção foi que vimos os caixões em muitos túmulos. Eles ficam visíveis, não sei como funciona isso, se os restos mortais estão dentro ou se foram transferidos e os caixões são meramente ‘ilustrativos’.
Fotografei alguns mas vou deixar aqui apenas um para mostrar como ficam, são imagens um tanto esquisitas…
E as curiosidades do lugar não param por aí. Há muitas histórias que podem perfeitamente ser chamadas de lendas que são bem conhecidas pelos argentinos e que são tema do tour guiado que pode ser feito diariamente às 15h. Não fizemos, mas dizem que é bem interessante. Esse tour é gratuito e sai da entrada principal.
Um dos túmulos também muito visitado e fotografado é o da jovem Liliana Crociati que morreu em 1970 aos 26 anos durante sua lua-de-mel na Áustria quando uma avalanche destruiu o quarto onde ela estava.
No mesmo dia em Buenos Aires, seu cachorro que se chamava Sabú também morreu. O corpo da jovem foi levado para a Argentina e foi sepultado junto com seu amigo fiel. Na frente do túmulo tem uma estátua dela em tamanho real com o cachorro do lado.
Outra história recheada de fatos interessantes é a de outra jovem, Eliza Brown, ela era filha do Almirante Brown e estava noiva de um militar que lutava na Guerra da Cisplatina. O noivo morreu em combate, a desilusão dela foi tão grande que se atirou no Mar del Plata e morreu afogada.
Seus restos mortais estão guardados dentro de uma caixa de bronze que foi feita com o material de um dos canhões da embarcação onde o noivo dela morreu.
Muita coisa curiosa concorda? Não é à toa que o Cemitério da Recoleta é tão visitado por turistas. Ainda há muitas outras lendas sobre alguns mortos que estão sepultados lá, essas são apenas umas que citamos.
19 presidentes argentinos, 2 ganhadores do Prêmio Nobel, escultores, artistas e escritores foram enterrados no Cemitério da Recoleta. É o local escolhido pelas famílias das celebridades há muito tempo, apesar de ficar numa região refinada e badalada da cidade.
Muitos bares, restaurantes, teatros e shoppings estão nos arredores, além de prédios residenciais, hotéis e um vasto comércio compõem o bairro.
Quando programar a visita ao Cemitério da Recoleta, aproveite para apreciar um pouco do bairro, pode sentar numa mesa dos vários restaurantes em frente à praça para uma refeição ou lanche ou até só tomar um delicioso sorvete de doce de leche numa das sorveterias.
No post de Elizabeth Werneck sobre turismo na Argentina você ainda encontra várias informações úteis de destinos no país que podem ajudar na programação de sua viagem.
⇒ Leia também Onde almoçar em Buenos Aires e Roteiro de 2 dias e meio em Buenos Aires
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Eu não sou muito de visitar cemitério, mas concordo que o da Recoleta é ponto obrigatório pra quem visita Buenos Aires. Gostei bastante! O túmulo da Evita está sempre lotado de gente tirando foto, achei seguindo a multidão heheheheh
Nossa, nao sabia que o corpo da Evita foi levado para a Italia escondido e depois foi levado de volta para a Argentina, obrigada por partilhar a historia com a gente!
Visitar um lugar sem ter conhecimento de sua historia é perder metade da visita. Qie impressionante essa da moça e seu cão!
Parece estranho visitar um cemitério, mas quando estive na Croácia também visitei alguns.
Também visitei o cemitério quando fui a Buenos Aires. Apesar de não gostar desse ambiente, acho que é um passeio que vale super a pena 🙂
Muito interessante! Aqui em Londres alguns turistas visitam o cemitério de Highgate e o túmulo de Karl Marx, entre outros. Mas existe um tour guiado na parte antiga do cemitério que é incrível!
Dentro dos caixones estao os mortos em carne e ossos. Quando ficam so os ossos os colocam em caixotes bem menores. Ao passar os anhos, se a familia deseja ter espaco no tumulo, se pede no cimenterio abrir o caixon e se se encontram so ossos sao colocados em 1 caixao de 70 cm mais ou menos. Nesse caso entram 3 caixomlnes no lugar de um. Nao ha caixao escenografico nao.
Algumas familias mandam a fazer um pano para cobrir o caixao. Ha algums bem simples de algodao e outros tudos bordados. Antigamente havia bordadoras que se dedicavam a isso. As que eu conheci faziam os bordados e calados do tecido a maquina. Muitos desses mausoleos, sobre tudo nos cimenterios das grandes cidades, que tem uma parte superior no nivel terreo e varios niveis subterraneos. Eu conheci ate com 4 niveis inferiores com prateleiras de cimento para 6 caixones por andar. Se descia por uma escada de metal como as que usam nas obras com muita pendente. Tudo com pouquissimo espaco.
Sobre o terreo o tumulo tinha bem pouco espaco
Acho que a contrucao tinha 4 metros de prof x 3 de frente. No andar terreo colocavam os membros mais importantes da familia em um lugar mais destacado.
Nossa, que coisa, quando vimos os caixões expostos pensamos que fossem ‘ilustrativos’. Muito obrigada por esclarecer.
O ano passado estive em Buenos Aires mas apenas dois dias! Foi na verdade apenas para voltar para Portugal, no fim da viajem (ou seja, não considerei como destino, já que quero voltar com tempo). Falaram-me muito desse cemitério e disseram que valia a pena conhecer! Terá de ficar para quando fizer uma verdadeira visita a Buenos Aires 🙂 Gostei de ver as fotografias!
Muito interessante este passeio. Quando estive em Buenos Aires, não consegui ir até o cemitério da Ricoleta e confesso que não fiz muito esforço…rs. Mas pelo seu texto é algo bem interessante. Parabéns pelo post.
que tour interessante! nunca tinha pensado em visitar um cemitério durante as minhas viagens!!
Eu confesso que adoro visitar cemitérios históricos e ainda não tive a oportunidade de visitar o da Recoleta, mas já está nos meus planos. Ãdorei o post e com certeza vou incluir na minha próxima viagem a Buenos Aires. Beijinhos.
Que bom que você gostou do post, objetivo alcançado kkk já que vai incluir no seu próximo roteiro pela cidade.
Fiz uma viagem tão corrida por Buenos Aires que não deu tempo de conhecer o cemitério da Recoleta. Agora estou planejando voltar e já coloquei como prioridade no roteiro. Obrigada pelas dicas!
Vá mesmo, é um lugar para quem gosta de arte também, pode parecer macabro por ser um cemitério, mas tem muitas esculturas interessantes também.
Nunca visitei cemitérios nas viagens, mas o Cemitério da Recoleta é bem popular né? Sempre vejo nos roteiros de Buenos aires
É muito popular sim, está no roteiro da maioria dos turistas que vão pra lá.
Também achei muito curioso os caixões ficarem expostos – e meio macabro também – mas normalmente cemitérios mais “turísticos” como o da Recoleta e o Père Lachese em Paris são meio soturnos. Mas não dá para visitar a Recoleta sem ir até o cemitério, não é mesmo?
Dá sim Cintia, Recoleta é um bairro muito movimentado de Buenos Aires, com muitas opções de restaurantes inclusive.
Eu visitei o cemitério da Recoleta e túmulo da Evita algumas vezes e tenho uma história engraçada de uma das vezes com a família toda rs Mas além da Evita, vale a pena visitar o cemitério pq é um ponto turístico – cada estátua e túmulo mais bonito que o outro – um deleite para quem curte arte!
Verdade Fernanda e tem uns com umas histórias bem estranhas…
Esse cemitério da Recoleta ainda não conheci, mas coloquei no planejamento. Você sabe me dizer se tem algum mapa lá para venda? Um que eu possa me guiar para encontrar esses pontos que você falou, porque me parece ser bem grande lá, certo? Obrigada
Oi Michele, quando fomos não havia mapa, por isso fotografei o quadro que mostra os números e localização dos túmulos. É bem grande sim.
Obrigada pelas informações! Ajudaram na elaboração do meu roteiro.
Abraços
Que bom saber disso Fernanda.