Para os romanos, Zamora era “Os olhos do Douro” por ficar na região de Castela e Leão, às margens no Rio Douro que a tornou muito importante para os peregrinos milenares que faziam os Caminhos de Santiago, pois sua localização proporcionava uma travessia mais segura.
Foi ocupada pelos árabes no séc. VIII e pelos celtas no séc. XII, época que resultou nas construções dos edifícios mais importantes da cidade. As 14 igrejas românicas dentro das muralhas e ainda 9 ao redor, deram à Zamora o título de Capital do Românico.
A apenas 50km da fronteira com Portugal, foi nossa última parada na Espanha durante uma viagem de 18 dias que fizemos pelos 2 países.
Como Zamora entrou em nosso roteiro
Inicialmente nossos planos eram de uma viagem de no máximo 10 dias, mas como foi nossa primeira experiência pós surgimento da COVID, estávamos há quase 24 meses com os pezinhos em casa ou, no máximo, indo nos finais de semana para nossa casa de praia em Maragogi, fomos esticando os dias e ajustando nosso roteiro.
Nosso voo de volta sairia de Lisboa, destino que entrou no roteiro porque conseguimos um preção pela TAP num voo direto para Recife.
Diante disso, resolvemos voltar à cidade já que fazia um tempão que tínhamos ido. Contudo, começamos nossos dias em Madrid, de onde partimos para um bate-volta para Cuenca. E veio então o planejamento da nossa saída da Espanha.
Naquele momento estávamos evitando avião, nos restringimos apenas aos voos de ida e volta. Dessa forma, pensamos em destinos que pudéssemos chegar de trem, carro ou ônibus.
Foi então que encontrei Zamora no mapa, isso mesmo gente, fui cascavilhar no Google Maps o mapa da Espanha e ver as possibilidades de cidades perto da fronteira com Portugal. Vi algumas possibilidades, pesquisei a respeito e achei nosso destino antes de cruzarmos a fronteira :).
Assim chegamos a essa cidade onde ficamos 1 dia, dormimos e em seguida partimos para Portugal entrando por Bragança.
Como chegar
Quem vai à Zamora provavelmente estará em Portugal ou na Espanha. No nosso caso, estávamos em Madrid, que foi de onde pesquisamos tanto como chegar na cidade, como também as opções de saída.
Inicialmente pensamos em alugar um carro, mas no final escolhemos o trem. Veja porquê.
De carro
Essa era nossa primeira ideia, principalmente pelo fato de estarmos ainda evitando o máximo possível aglomeração e lugares fechados. Porém o valor do aluguel ficou muito alto, pois planejávamos pegar o carro em Madrid e devolvê-lo em Lisboa 8 dias depois e o fato de atravessarmos a fronteira era um fator que multiplicava o preço 3 vezes.
Quem preferir e puder encarar, a distância de Madrid a Zamora é de 250km a 300km dependendo da rodovia escolhida. Ou seja, a viagem dura entre 2:30h a 3:00h.
De trem
Essa foi nossa escolha, como já comentamos anteriormente. A viagem durou 1:10h, partimos num trem Renfe de Chamartin e pagamos 25,50€ por 2 passagens + 16€ para marcação de assentos, que não é obrigatório, foi opção nossa. Total 41,50€.
A viagem é super tranquila e para nós é sempre um prazer viajar de trem pela Europa.
Resolvemos ir de táxi da estação para o apartamento para ganharmos tempo, pagamos 6,75€, deu 5 minutos de carro, achamos caro, mas com vimos que tinha uma ladeira na saída e estávamos com malas, achamos melhor irmos de carro.
Onde ficar
Durante nossas pesquisas sobre Zamora, gostamos tanto do que encontramos que resolvemos pernoitar na cidade. Ainda por causa da pandemia, nessa viagem optamos por apartamentos em todas as cidades, assim escolhemos um de onde pudéssemos seguir a pé para os pontos que queríamos conhecer e ainda para a rodoviária de onde partiríamos para Bragança.
Para não repetirmos informações aqui, dá uma olhada no post Hospedagem em apartamento na Europa onde colocamos todas as reviews por cidades dessa como de outras viagens.
Caso prefira, foi esse apartamento que alugamos, mas no post tem nossas impressões e fotos que tiramos.
O que ver em Zamora
Depois de deixamos as malas no apartamento, seguimos direto para o centro da cidade que é considerado como Conjunto Histórico-Artístico desde 1973. Era um dia de céu azul apesar dos 11ºC.
Segue nosso roteiro com mapas na ordem que fizemos nosso passeio.
Igreja de Santiago del Burgo
A mais bem preservada igreja românica de Zamora. Pode visitar mas seu interior não pode ser fotografado.
Palacio de los Momos
Construído no séc. XVI em estilo Gótico Isabelino. Depois de abandonado durante o domínio de Carlos II, ficou em ruínas, mas sua fachada foi conservada. Restaurado em 1946, atualmente é a sede do Palácio de Justiça de Zamora.
Não entramos, pois no horário que passamos estava fechado para visitação.
Endereço: C. San Torcuato, 7
Horário: De segunda a sexta, das 12:00h às 19:00h, sábados e domingos, das 10?00h às 15:00h
Plaza de Sagasta
Abriga o maior conjunto de edifícios Art Nouveau, por isso Zamora faz parte da Rota Europeia do Modernismo.
É um lugar para olharmos para todos os lados e para cima também, já que os prédios têm 3, 4 andares e detalhes arquitetônicos lindos.
Café Viriato
Tínhamos referências sobre esse restaurante e resolvemos parar para comermos, já que havíamos saído cedo e tomamos café da manhã na estação de trem em Madrid.
O Café Viriato é famoso na cidade por suas tapas, inclusive já foi premiado. O ambiente interno é pequeno, simples e bem aconchegante. Os pedidos são feitos diretamente no balcão e não há garçons.
Quando estávamos lá a música ambiente era MPB, comentamos com o proprietário que éramos brasileiros e ele disse que nossa música é tocada no bar diariamente.
Na frente do café tem uma estrutura montada com mesas externas, que com certeza no verão são as mais procuradas.
Pedimos algumas tapas, 2 por vez para irmos experimentando e tomamos vinho. Foi uma refeição muito agradável e tudo estava delicioso. Nossa conta deu 25,40€, pedimos tapas que variaram entre 1,20€ e 3,00€ cada.
Calle de Balborraz
A rua é cheia de casas com varandas envidraçadas. É conhecida como a rua dos artesãos e ofícios desde o séc. X.
Plaza Mayor
10 ruas convergem para a Plaza Mayor. Não é muito grande, mas como todas as outras, pelo entorno muitos bares, restaurantes, lojas e alguns prédios onde funcionando órgãos públicos.
Nela também está a Igreja de San Juan de Puerta Nueva, porém estava fechada para reforma, infelizmente não podemos entrar.
A igreja tem duas partes, uma mais antiga, do final do séc. XI, onde podemos ver suas características na cabeceira e no portal meridional. A outra reformada no séc. XI I após o incêndio no chamado “Motim da Truta”, um episódio de 1158 decisivo para entender a tensão entre a aristocracia e o povo.
Uma magnífica abside semicircular ainda está conservada e no interior, destaca-se o grande capitel que suporta atualmente o altar.
Margens do Rio Douro e Puente de Piedra
Chegamos às margens do Rio Douro, o visual é lindo de viver. Tivemos a sorte de estarmos por lá no meio da tarde, o sol não estava tão alto e proporcionou um brilho maravilhoso nas águas do rio.
Zamora tem 5 pontes que atravessam o Rio Douro, todavia a mais famosa e histórica é Puente de Piedra. São 281m de comprimento, foi restaurada várias vezes, sua origem é medieval e o que vemos hoje é resultado da última restauração realizada entre 1905 e 1907.
Durante séculos foi a única ponte para ultrapassar o rio e a única via de comunicação da cidade com os bairros do outro lado e com os povos do Sul. Teve muita importância na região, tanto para o comércio como para as pessoas.
Não chegamos a atravessá-la, caminhamos por um trecho e voltamos pelas margens do rio para seguirmos nosso passeio.
Mirador del Troncoso
Mirador del Troncoso: Rincon de la Poesia de Zamora é um espaço mágico e convertido em ponto de encontro onde os poetas e a cidade.
O espaço, depois de sua recuperação, ganhou o Ojo, do pintor zamorano Antonio Vásquez “Tato”e o Mural da Poesia de Zamora, que é uma iniciativa de KoloreZ onde há uma seleção de poemas.
O Mirador del Troncoso é um dos pontos mais emblemáticos da cidade. Lá do alto vemos a Via de la Plata com as pontes e o Rio Douro numa vista maravilhosa.
Muralha de Zamora
Pelo caminho também passamos ao lado da muralha que circunda parte da cidade. Os muros estão muito bem conservados. O visual do sobe e desce pode trazer surpresas em algumas esquinas, e essa é a parte que mais nos diverte em passeios por cidades amuralhadas.
Castelo de Zamora
Forma um losango perfeito com suas 3 torres, jardins do Parque e la Lealtad que já foi chamado de Porta da Traição. O castelo sofreu modificações no séc. XVIII, porém a maioria do que vemos hoje é medieval.
É um complexo fortificado situado no extremo sul-ocidental da cidade, resultado de diferentes intervenções relacionadas à defesa desde a época medieval até a primeira guerra carlista.
Foram encontrados vestígios arqueológicos da época pré-romana e alto-medieval. Teve função militar durante a guerra de sucessão castelhana que ocorreu após a morte de Enrique IV em 1479.
Passou anos esquecido até voltar a ter destaque na separação das coroas de Portugal e Espanha na época de Felipe IV (1640). Foi recuperado durante a guerra de sucessão espanhola com Felipe V e posteriormente reformado durante a invasão francesa no início do séc. XIX.
Já foi sede de uma prisão de audiência e presídio correcional a partir de 1899. Mais adiante, na década de 1950 funcionou uma escola de arte e ofícios. Mais recentemente, após escavações arqueológicas e restauração, foi acondicionado como anexo ao ar livre do museu dedicado à área do escultor Baltasar Lobo Casquero.
Entrada gratuita
Horário: De terça a domingo das 10:00h às 14:00h e das 16:00h às 18:30h (1º de janeiro a 26 março e de 18 de outubro a 31 de dezembro). Das 10:30h às 14:00h e das 17:00h às 20:00h (27 de março a 30 de junho e de 1º de setembro a 17 e outubro). Das 10:30h às 14:00h e das 18:00h às 21:00h (julho e agosto).
Museo Baltasar Lobo
Museu do escultor zamoranês Baltasar Lobo Casquero que desde muito jovem mostrou o dom para a escultura. Fica na antiga Casa dos Gigantes, que era um lugar que guardava os cabeçudos das festas da cidade.
Baltasar foi para Paris em 1939, e acompanhado por Pablo Picasso, conheceu personalidades como Julio González, Pevsner e Henri Laurens. Foi lá onde o artista concretizou praticamente toda sua vida e obra.
No início dos anos 90, morreu aos 83 na cidade onde se consagrou – Paris. Grande parte do seu acervo está no museu que recebe seu nome. A série de maternidades e fragmentos do corpo humano, os torsos que chegam bem perto da abstração, renunciando à sua obsessão classicista são destaques de sua extensa obra.
Durante a visita podemos ver esculturas, pinturas, croquis e material de trabalho do artista, entre outros.
Endereço: Plaza de la Catedral, s/n
Entrada gratuita
Horário: De terça a domingo das 10:00h às 14:00h e das 16:00h às 18:30h (17 de outubro a 25 março). Das 10:30h às 14:00h e das 17:00h às 20:00h (26 de março a 16 de outubro). Dias 24, 25 e 31 e dezembro e de 1º a 6 de janeiro é fechado.
Catedral
Em estilo bizantino, foi construída entre 1151 e 1174. A Catedral de El Salvador de Zamora tem uma cúpula com 16 janelas que é uma das características da arte medieval hispânica.
É o monumento mais importante de Zamora, projetada por Bernardo de Perigord, monge de origem francesa, por volta de 1139, sob a proteção de D. Afonso VII.
O seu interior, austero na decoração, seguindo as doutrinas cistercienses, assenta numa planta em cruz latina com três naves espaçadas, em quatro secções quadradas, com abóbadas cruzadas na nave central. Destaca-se a magnífica silharia lavrada do coro.
Além de uma série de peças de ourivesaria, pintura e escultura de grande qualidade, o pequeno museu possui uma magnífica coleção de tapeçaria do séc. XV ao séc. XVII, que chegou a Zamora por doação do Conde de Alba e Aliste, em 1608.
O museu da catedral preserva uma das melhores coleções europeias de tapeçaria flamenga dos secs. XV e XVII. Como tapeçarias formadas nos escritórios de Tournai e Bruxelas, constituem dois dos melhores conjuntos conservados em catedrais.
Horário: De terça a domingo das 10:00h às 14:00h e das 16:00h às 18:30h (1º de janeiro a 26 março e de 18 de outubro a 31 de dezembro). Das 10:30h às 14:00h e das 17:00h às 20:00h (27 de março a 30 de junho e de 1º de setembro a 17 e outubro). Das 10:30h às 14:00h e das 18:00h às 21:00h (julho e agosto).
Igreja de San Pedro y San Ildefonso
Construída no séc XII, foi restaurada no séc. XV com detalhes do estilo gótico. É a maior igreja depois da catedral.
Com uma cabeceira românica de trila abside semicircular, tem um magnífico portal meridional. O interior foi muito modificado pelo cardeal Meléndez Valdés (1495). Em meados do séc. XVIII sofreu ameaças de ruir, quando foram feitas obras de restauração.
Plaza Viriato
Uma praça perto do Parador onde ficam o Teatro Ramos Carrión, Museo Etnográfico de Castilla y Léon.
Parador de Zamora
Onde fica a Biblioteca Pública, mas o que mais gostamos foi a vista da cidade e um lindo por do sol.
Mercado de Abastos
Uma obra do arquiteto Segundo Viloria, que projetou este edifício de ferro e tijolo no início do séc. XX para melhorar a qualidade de vida na cidade.
O Mercado de Abastos de Zamora é uma construção importante do ponto de vista patrimonial apesar das contínuas mudanças ocorridas na sociedade no que diz respeito à venda e distribuição de produtos, o Zamora Food Market continua a manter a principal função para a qual foi criado há mais de 100 anos, que é fornecer produtos frescos à cidade.
Atualmente, além de ser um local de referência para quem procura produtos locais e de qualidade, é também um importante foco de atração para turistas e visitantes, atraídos pela singularidade do espaço e pela variedade e qualidade dos produtos que podem ser encontrados.
Endereço: Plaza Mercado, 8
Horário: De segunda a sábados, das 08:00h às 14:00h
Onde não conseguimos ir – Aceñas de Olivares
Ficam do outro lado do Rio Douro, são moinhos do séc. XI. Pretendíamos ir no começo do outro dia, porém esticamos a noite com um jantarzinho regado com vinho no apartamento e preferimos dormir mais um pouco antes de partirmos para Bragança.
Contudo, quem tiver tempo deve ir, queríamos ter visto Zamora do outro lado do rio.
Vale ou não a pena fazer uma parada em Zamora? Para nós valeu demais, achamos uma ótima opção para dividir a viagem a caminho de Portugal.
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Olha, nem conhecia a palavra cascavilhar, mas vou adotar! rsrsrs
Adoro encontrar esses lugares para encaixar no roteiro. Acabam sendo lindas surpresas e bem mais tranquilos, né?
Já deixei aqui anotado para incluir Zamora num próximo roteiro, amei tudo do seu post e tenho certeza que vou amar conhecer a cidade!
Jura??? Será que é um termo aqui do Nordeste? Vou procurar saber, fiquei curiosa hehehe. Espero que goste de Zamora quando for, pois nós adoramos como deu pra ver no post né?
Estou querendo fazer uma viagem pela Espanha e já tenho tantas cidades incríveis para ir que vou precisar de um mês inteiro rsrs. Fiquei muito afim de ir até Zamora, parece ser uma lindeza!
A Espanha é isso né? Queremos conhecer todas a cidades pelo interior que são todas lindas.
Zamora é muito famosa, pois dá nome ao tratado entre Espanha e Portugal de 1143, quando os dois reinos “dividiram” o mundo entre si. Mas, morando tão perto, nunca visitei. Lendo o seu post, percebo que é altura de o colocar num roteiro
Colocar sim Ruthia, com certeza você vai gostar de Zamora.
Voltei a considerar a possibilidade de incluir Zamorra no meu roteiro. Ano que vem pensamos em visitar Portugal e Espanha, usando o Rio Douro como ponto de referência do nosso itinerário.
Zamora se encaixa perfeitamente Luciana.
Não conhecia Zamora, mas pelas fotos parece ser um destino encantador, obrigada por compartilhar.
É sim Ana, a cidade é pouco conhecida mesmo por turistas brasileiros.
Adoro destinos incríveis, mas pouco conhecidos. E Zamora com certeza se enquadra nisso. Amei as suas dicas e principalmente como vc escreve ?
Zamora é pouco conhecida mesmo Iza, quando estava pesquisando sobre cidades para conhecer pela região me encantei pelo que fui encontrado e estando lá adorei mais ainda. Muito obrigada pela visita.
Com esse post, super completo, dá vontade de conhecer Zamora. Que cidade linda! Adorei a dica e vejo que a cidade precisa ser considerada, num roteiro Portugal-Espanha. Amo viajar de carro, passar por essas cidades “desconhecidas” para grande parte dos viajante. Descobrir essas preciosidades também é um objetivo meu. Valeu demais ter ido seu post!
Exatamente Sonia, é uma cidade pouco divulgada e tem muito o que mostrar.
Eu adoro cidades medievais e fiquei encantada com seu post sobre Zamora, na Espanha! Eu nunca tinha ouvido falar, e agora fiquei com vontade de ir. Quando eu for, seu post indicando um roteiro de um dia vai me ajudar muito! Obrigada por compartilhar!
Zamora é pouco conhecida mesmo Alexandra, ficarei torcendo para que você consiga programar essa viagem o mais breve possível.
Sua postagem mostra que Zamora é realmente uma cidade agradável e interessante. Adoraria conhecer.
É sim Sylvia, foi uma grata surpresa pra nós.