Ainda não havíamos falado sobre nosso passeio pelo Vale Sagrado durante nossa viagem para o Peru, talvez tenhamos deixado bem pra o finalzinho da lista dos posts sobre essa viagem porque foi muito especial, um lugar que realmente nos deixou impressionados por toda história e cultura envolvidas.
Em nosso roteiro de viagem pelo Peru reservamos 3 dias exclusivamente para o Vale Sagrado, queríamos conhecer o máximo possível da região que traz toda tradição do povo Inca mostrando toda sua genialidade em termos de sobrevivência, espiritualidade e sabedoria.
Contratamos os passeios com um único guia e dividimos os dias de acordo com as distâncias e altitudes de cada lugar, porque essa última pesa e muito para nós que moramos ao nível no mar.
Sobre o Vale Sagrado
Os passeios feitos às ruínas incas que estão nos roteiros de todos os turistas não são apenas pelo Vale Sagrado, a região assim chamada vai de Pisaq a Machu Picchu numa distância de mais de 100km de um extremo a outro. As demais ruínas visitadas não fazem parte do Vale Sagrado e sim do Império Inca que se extendeu a partir de Cusco.
A arquitetura Inca utilizou todo o conhecimento que tinha para se beneficiar da melhor forma possível do que a natureza oferecia, os projetos de seus monumentos eram em função das necessidades práticas que precisavam como também eram projetados baseados nos símbolos e crenças que deveriam representar. Tudo tem um significado prático, espiritual, místico mas tudo funcional.
O universo era visto como um todo que precisava estar em harmonia com a magia, com os poderes da natureza e do desejo para criar laços vitais e invisíveis e isso é visto e sentido através das obras que estão no Vale Sagrado e arredores de Cusco, que no idioma quíchua qosqo significa ‘o umbigo do mundo’.
Os incas tiraram proveito das formas naturais das montanha e planícies do Peru construindo terraços, observatórios astronômicos, plataformas cerimoniais, canais, fontes de água e tudo mais que precisaram para que os lugares tivessem suas características associadas aos protótipos celestes identificados com estrelas e constelações no céu, já que eles tinham uma relação muito forte com a Via Láctea.
O visual geral do Vale Sagrado e das ruínas incas formam um todo quando vistos de lugares altos, são totalmente integrados às montanhas e planícies onde foram construídos. Voltamos encantados com a cultura Inca, é impressionante o conhecimento que eles tinham tantos anos atrás, o mesmo aconteceu quando estivemos em Cozumel e visitamos as ruínas de San Gervásio.
Nosso roteiro pelo Vale Sagrado e ruínas Incas
Comentamos que nosso roteiro pelo Vale Sagrado havia sido dividido em 3 dias, mas na verdade não foi bem assim considerando as informações que só tivemos através de nosso guia quando estávamos em Cusco.
Nossos passeios às ruínas incas e ao Vale Sagrado levaram na verdade 4 dias porque Machu Picchu também faz parte dele.
Ficou assim:
Vale Sagrado + ruínas parte 1 – Mirante de Taray, Pisac, Tambomachay, Pucapucara, Sacsayhuaman e Qenqo. (essas 4 últimas não ficam no vale).
Machu Picchu
Vale Sagrado parte 2 – Chinchero, Salinas de Maras, Moray e Ollantaytambo.
Ruínas + Capela Sisitina das Américas – Tipon, Andahuaylillas e Pikillacta/ Rumicolca.
Quando pedimos o orçamento para o guia, a ordem que havíamos imaginado era outra, mas chegando lá ele nos orientou a fazermos assim para irmos nos acostumando com a altitude e achamos que foi uma ótima opção realmente.
Vamos falar dos lugares em separado, cada um tem uma particularidade, características e importância na civilização Inca. O visual é maravilhoso em todos eles, voltamos cheios de fotos na câmera e nos celulares, a natureza é impressionante no Peru e os Incas fizeram um belo trabalho por lá dando um significado a cada lugar e aproveitando tudo o que a natureza tinha a oferecer.
Aqui vamos mostrar o primeiro dia desses passeios porque é muita informação e não queremos um post muito longo, o outro será com os outros 2 dias e por último o de Machu Picchu que merece um post único.
Mas antes uma breve explicação sobre o Vale Sagrado que só conseguimos entender depois que conhecemos.
Vale Sagrado – parte 1
Mirante de Taray
Fica a poucos minutos de Cusco, quando estávamos chegando Ray avisou logo para prepararmos a câmera que estávamos chegando a uma das vistas mais lindas do Vale Sagrado. Estava fazendo um lindo dia de sol mas o vento era bem gelado para nós que moramos no Nordeste e estamos acostumados com altas temperaturas. Estávamos preparados para isso e descemos do carro lá no alto dos 3.415m de altitude para vermos a paisagem do vale que se extendia lá embaixo.
⇒ Leia também Mala de inverno leve e compacta para uma viagem de 8 dias
O mirante também é chamado de Vale do Urubamba. O Rio Vilcanota ou Rio Sagrado que passa lá embaixo também é chamado de Rio Urubamba. Dá pra imaginar a importância do rio para toda a população do Vale Sagrado.
O rio que fica numa região privilegiada pela qualidade de suas terras e condições climáticas tem grande importância na economia da região além de proporcionar paisagens dignas de cartões-postais ao longo de seu percurso. No mirante o passeio se restringe apenas a uma breve parada para fotos e de lá seguirmos viagem para o próximo destino, mas não deixe de parar, vale a pena demais.
Pisaq
A estrada para chegar a Pisaq é bem sinuosa, cheia de curvas nos 32km separam a cidade de Cusco. Compramos nossos boleto turísticos na entrada do parque. Esse boleto é único, dá acesso aos parque e algumas atrações em Cusco. Pode ser comprado nas entradas de alguns parques ou no posto de informações em Cusco. Optamos por comprá-lo no parque para não perdermos tempo em Cusco.
Chegando em Pisaq estacionamos o carro e seguimos. Pelo caminho até a entrada ambulantes vendendo milho cozido, água e artesanato. Entramos e Ray foi nos explicando sobre o que foi Pisaq para o povo Inca.

São mais de 300 espécies de milho na região
Pisaq é formada por vários espaços separados, foi construído sobre uma montanha e em algumas beiradas de abismos. A forma de um condor gigante é vista no conjunto formado por terraços e construções que foram insultados harmoniosamente à encosta. Vê-se a silhueta do pássaro prestes a alçar voo e representa também a constelação de mesmo nome.
O fato de se alimentar de carniça levou os povos Incas e identificarem o pássaro como o espírito guardião dos mortos e da paz dos lugares sagrados. Em Pisaq existem dois cemitérios que simbolizem esse ser mítico com a crença de que ele levaria em suas asas os espíritos dos antepassados de volta aos locais de origem.

Nessa montanha a nossa frente fica um dos cemitérios
Ainda tem o bairro de Intihuatana com nichos, altares, construções de muros, fontes de água e uma plataforma cerimonial onde acredita-se que ficava a sede da administração que supervisionava a produção agrícola que era abundante em Pisaq.
Os terraços agrícolas são um caso à parte em Pisaq, imaginar o que os Incas desenvolveram naquele lugar na época é impressionante. Para superar os problemas de abastecimento de água, erosão e variação climática, eles construíram degraus- chamados de terraços – compostos por diferentes camadas de terra agrícola, cascalhos e pedras em lugares onde a incidência de geadas e ventos fortes é menor e da forma como fizeram, conseguiram receber uma irradiação solar maior.
Esses terraços mais os demais de todo o vale ocupam uma área aproximada de 65 hectares. Pisaq é um lugar muito especial, fica a 3.448m de altitude. No dia que fomos estava co céu limpo e o sol esquentou ao longo da manhã.
A cidade de Pisaq atrai muitos devotos e turistas aos domingos para a feira e missa quíchua na igreja colonial San Pedro Apostál.
Tambomachay – a primeira ruína Inca do nosso roteiro fora do Vale Sagrado
Fica no caminho de volta para Cusco, são pouco mais de 10km até a cidade. É um dos 92 santuários com mananciais e fontes de água que circundam a cidade de Cusco. Seu nome é Quinnua Puquio hoje conhecido como Tambomachay.
A civilização Inca ficou conhecida também como a única que desenvolveu uma pecuária em massa na América e para isso precisou maximizar o máximo possível o uso dos recursos naturais mais escassos, um deles a água. Entendiam que os mananciais e lagos não eram apenas onde residiam os poderes protetores da vidas, mas também eram origens das linhagens e para isso desenvolveram sistemas de aquedutos, fontes, reservatórios e canais para a sobrevivência dos habitantes.
Tambomachay era também um lugar de descanso para o líder do império Inca. A entrada está incluída no boleto turístico.
Puca Pucara
Em frente à Tambomachay fica Puca Pucara – que provavelmente seu nome original tenha sido Caynaconga, outro sítio arqueológico que significa Forte Avermelhado. Era onde se fazia o controle de acesso de homens e produtos até a sagrada cidade de Cusco.
Produtos como folhas de coca, pimenta, aja, mandioca, plantas medicinais e penas de ouro já serviram como pagamento para acesso à cidade de Cusco através de Puca Pucara. Segundo o cronista Polo (1571), o lugar era como “casa e moradia dos deuses; em que não havia fonte, nem acesso, nem predique não possuísse mistério”.
Sacsayhuaman
É um tipo de forte com imensas pedras interligadas, diz-se que apenas uma delas pode chegar a 360 toneladas. O nome significa testa franzida no idioma antigo da cidade. Conhecida também como Fortaleza, Casa do Sol das Armas e da Guerra, além de Templo de Oração e Sacrifícios, o monumento foi construído no topo da montanha onde segundo a tradição moram os espíritos tutelares para mostrar de maneira visível o signo que representou a cabeça de seu império ou a fonte do poder sobre humano.
É o maior dos templos Incas, um verdadeiro altar à natureza e ao espírito religioso do homem. Segundo o estudioso do assunto Garcilaso “a maior obra que os Incas mandaram construir para mostrar seu poder e sua majestade, foi à fortaleza de Cusco, cuja grandeza é incrível para quem não a viu e para quem tem visto e observado com atenção faz você imaginar e ainda acreditar que são feitas através de encantamento ou que as fizeram os demônios e não os homens”.
São 3 baluartes que representam a testa franzida de um puma que fica no topo da montanha sob o qual seu corpo agachado se projeta. Era a parte antiga da cidade de Cusco. Blocos poligonais e peças artísticas de ciclópicos formam o visual do monumento.
A partir de 1537 começou a ser destruído e em 1559 uma parte foi desmontada para construir com seus blocos a catedral de Cusco. No dia 24 de junho acontece a Festa do Sol – Inti Raymi – que é a maior de todas as celebrações Incas. São desfiles e cerimônias especiais no dia do solstício de inverno.
Qenqo
Bem pertinho de Sacsayhuaman fica Qenqo. São planos, formas e modulações que deixam seus símbolos secretos e misteriosos. O sapo é representado por uma rocha, ele estaria esperando as águas da chuva no centro visual sobre um pedestal ao redor do qual se abre um espaço semicircular.

Cusco vista de Qenqo
Segundo os agricultores, o animal tem como características biológicas mostrar a evolução e tendências do clima, como anunciar e propiciar as chuvas. Atualmente na língua das comunidades tradicionais, os sapos grandes são chamados de Pachacuti (Volta ao Mundo) que também está associada às mudanças resultantes dos desastres naturais provocados pela abundância ou escassez de água.
Em uma entrada que mais parece uma caverna, encontra-se uma mesa onde se supõe que eram feitos os rituais de mumificação, isso deve-se aos restos de lhamas e humanos achados no local. É uma espécie de mesa com um tipo de altar.
Essas duas últimas ruínas Incas ficam bem perto de Cusco, dá pra ir a pé, a ladeira para chegar é bem íngreme, mas tem que prefira até para ir se acostumando com a altitude.
E assim foi nosso primeiro dia de passeios pelo Vale Sagrado e algumas ruínas Incas. Adoramos as paisagens que vimos e tudo o que aprendemos. O passeio dura boa parte do dia, é cansativo pela questão da altitude e pelo fato de subirmos escadas e ladeiras montanhas acima, mas vale a pena demais. O calor chegou depois do meio-dia mas nada que incomodasse muito. Chegamos em Cusco por volta das 16h, o guia nos deixou na Plaza de Armas onde fomos procurar um lugar para comer.
⇒ Em Pisaq e Tambomachay tem banheiros na entrada.
Como dá pra perceber, recebemos muita informação durante o passeio, é muita história vivida em cada lugar e o guia tem um prazer enorme em contar os detalhes. Além das informações que recebemos dele, há outras aqui que retiramos de um livro que compramos durante a viagem sobre Cusco e o Vale Sagrado dos Incas, adoramos saber mais a respeito dessa civilização que deixou tantos ensinamentos.
No próximo post falaremos sobre os outros sítios arqueológicos e ruínas que visitamos em 2 dias de passeios.
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Como eu amo o Valle Sagrados dos Incas! Um lugar muito especial, cheio de história, cultura e belezas naturais. Peru é um país incrível!
Incrível mesmo, voltamos de lá com muita vontade de programarmos um roteiro para outras regiões. Queremos conhecer mais o país.
Os incas são uma civilização fascinante. Foi muito inteligente explorar o vale sagrado com calma, a maioria dos visitantes limita-se a Machu Pichu, quando há tanto para aprender sobre eles. Grata pela partilha
Há muito além de Machu Picchu realmente Ruthia. Obrigada pela visita.
Estou organizando minha viagem para o Peru e fiquei aqui “viajando” nas suas dicas. Lindas as fotos das ruínas. Ótimo post! Abraços!
Vai para o Peru? Tenho certeza que você vai voltar encantada como nós :). Boa viagem.
Amei! Peru me encantou absurdamente e de uma forma positiva que eu nunca achei que iria me impressionar. Quanto ao passeio em cusco, eu fiz com uma agência, mas pulamos alguns passeios, porque só tínhamos um dia. Na próxima quero voltar e fazer o circuito completo. Gostei de ver algumas das ruínas aqui e já as marquei em meu mapa, super quero visitar, depois de ver as fotos.
Volte mesmo Aline, as ruínas e o Vale Sagrado são lugares imperdíveis para conhecermos.
Amei muito!!! Seu post me ajudou muito, estou programando minha viagem para o Peru para Maio de 2019.
Que coisa boa Raianne, temos outros posts aqui sobre essa viagem que podem lhe ajudar também.
Seu post me fez reviver nossa viagem pro Peru! O Vale Sagrado é incrível e Pisac foi uma surpresa e tanto pra mim! As vistas e aquela quantidade de terraços! Essa região é incrível!
É incrível mesmo, adoramos tudo o que vimos no Peru.