Cheguei a Portugal há pouco mais de uma semana e hoje, dia 01 de junho, é o dia das crianças aqui. Vou procurar entender isso depois, mas, segundo eles, é o Dia Mundial da Criança.
Ahhhh um parêntese para situar o que estou fazendo por aqui. Estou fazendo o que na academia chamamos de doutorado sanduíche, que é uma parte do doutorado em outro país. Geralmente no doutorado esse período dura um pouco mais que os três meses que eu consegui de licença no trabalho, mas, enfim, ficarei aqui ainda por dois meses estudando e postarei questões que envolvem essa experiência, ok?!
Voltemos às crianças depois do parágrafo ops… do parêntese (rs.).
Se meus colegas de grupo de estudo não tivessem falado no tal dia mundial das crianças, acredito que eu não saberia de nada. Situação impensável para um estrangeiro que chegasse ao Brasil com uma semana e meia antes do dia 12 de outubro, ou não? Como boa pesquisadora que sou (rs.), coloco os atenuantes e agravantes dessa situação. O atenuante é que não assisti televisão, a não ser durante o jantar com a minha orientadora, e por isso posso não ter visto muita coisa. O agravante é que estive no shopping na semana do dia das crianças e não vi absolutamente NADA que remetesse a esta data. Pode ser que se tivesse tido mais tempo para ver televisão, pudesse dizer algo mais concreto sobre o apelo ao consumo de brinquedos, mas acredito que o agravante de ir ao shopping e não ver nenhum tipo de apelo é mais forte. Até porque também não tinham outdoors na cidade, folhetos entregues nas ruas, nem coisas do gênero. Não vi ninguém sair dizendo que precisava comprar presente para os filhos, apenas uma professora, a diretora do centro, falando que não participaria de uma atividade importante na universidade no sábado porque estaria na gincana da escola do filho. Achei lindo.
Ao assistir televisão já sabendo do dia das crianças, vi anúncios que falavam de descontos em produtos infantis como nas farmácias, mas não eram do tipo “você tem que dar um presente à sua criança”. Perguntei à minha professora como que se comemorava o dia da criança, se eles davam presentes. E ela me olhou com uma cara de estranhamento e falou que não, que era um dia para os pais estarem com os filhos, que tinham atividades nas escolas (mesmo quando a data cai no sábado como hoje), que tinham descontos na entrada de parques, promoções em alguns lugares para as famílias estarem juntas. Falei do costume brasileiro de em todas as datas comemorativas sermos bombardeados e aceitarmos também o forte apelo para o consumo. Ela, por ser pesquisadora da comunicação e por já ter ido ao Brasil algumas vezes, sabia por alto desse nosso “modelo americano” de consumo, como ela falou. Mas seguiu firme falando que lá o dia das crianças tinha outro significado, bem como o dia das mães, dos pais e dos namorados. Mas falou que a moda dos presentes existe por lá no Natal e que às vezes uma cadeia ou outra tenta customizar ou fazer linhas específicas para algumas dessas datas, mas que isso seria algo pontual e nada comparado com a nossa realidade.
Eu já fazia uma ideia que para as bandas de cá era assim. Por diversas vezes converso com uma grande amiga que mora em Oslo, na Noruega, e que tem muitas das mesmas inquietações que tenho com relação aos temas que envolvem crianças e consumo, e ela já havia me relatado e até chegou a escrever um belo texto sobre o tema anos atrás. Contudo, eu não poderia deixar de relatar essa minha experiência porque ver isso na realidade me fez bem. Deixou-me feliz. Saber que uma sociedade também impõe seus limites à mídia e à indústria do consumo fortalece a minha crença num mundo melhor. O que vi hoje foram crianças nos parques brincando com rosto pintado, muitos escoteiros pelas ruas, famílias inteiras passeando num lindo dia de sol.
No fundo, para além da minha experiência, eu quis escrever esse texto para provocar um pouco e deixar uma sugestão às mães e aos pais. A minha sugestão é que até outubro – dá tempo! – as mães e pais que toparem o desafio compartilhem ideias para encarar o dia das crianças de uma outra forma! Sem presentes, sem brinquedos, sem shopping, sem McDonalds… Sem nada do que eles estão acostumados a fazer ou a ter. Vamos deixar aflorar mais a criatividade que o consumismo. Isso já vai servir de lição de vida para os miúdos (como se chamam as crianças aqui em Portugal).
De saída, deixo algumas ideias como um piquenique com direito a toalha quadriculada e cesta de palha! Zoológico, trilha, praia, parque, festa em casa sendo eles os mestre cucas… Enfim , provoco as mães e os pais a serem criativos e contarem aqui no dia 12 de outubro o que fizeram nesse dia! Feliz Dia Mundial das Crianças para todas as crianças!
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Adorei a provocação e li na frente das minhas filhas como o outro lado do mundo comemora esta data. Aceitamos o desafio e vou seguir as dicas dadas por aqui do que fazermos no próximo dia 12/10. Com certeza postaremos aqui a nossa experiência.
Excelente ponto de vista, Mari! Observo que essa necessidade em presentear sempre as crianças acompanha a ausência dos pais na educação dos filhos. Eles muitas vezes terceirizam seu papel de pai e mãe, delegando às babás e avós a criação dos filhos… e com o sentimento de culpa que a ausência trás tentam compensar satisfazendo a vontade imatura dos seus filhos, controlada muitas vezes pelo bombardeio da mídia. Aí na Europa imagino que os pais sejam mais presentes… As babás não são tão comuns e os avós não tão disponíveis… O jeito é se virar pra criar pai e mãe… Por sinal, nada melhor para os miúdos, não acha?!
Mari,
Achei bastante pertinente e extraordinário esse texto com sua reflexão e propostas sobre o Dia Mundial da Criança. Passarei o site para Arminda e combinaremos uma daquelas propostas para fazermos com nossos netos.
Oh! Miúda sabes muito bem a minha atitude e pensamento a respeito do assunto. O rabugento aqui muitas vezes incompreendido e criticado no decorrer destas datas sofreu um pouco mas sem arrependimento. Nunca consegui reverter como você sugere, sem muito apoio dos circuncidantes, não passava de um chato que era contra o comércio, o lucro demasiado, simplesmente por ser comunista e anti americano, estes, os criadores do lucro, mesmo sabendo das consequências. Vou aguardar a oportunidade para também publicar o teu artigo no meu blog. Saudades.
Ass. O rabugento.
Pois é Rabuja, tu já estavas a anos luz e somos gratas a isso. Tenha certeza. Beijos e saudades :*
Com certeza abraçarei essa causa Mari. Muito interessante essa forma de ‘comemorar’ a data, outra prova de que civilidade e educação regem o mundo. Um dia chegaremos lá, espero que meus netos sejam privilegiados com esse ‘progresso’.